Entendendo a Doença Celíaca e a Intolerância à Lactose

A doença celíaca e a intolerância à lactose são duas condições alimentares que afetam milhões de pessoas em todo o mundo, mas muitas vezes são mal compreendidas. Ambas envolvem restrições dietéticas significativas, com a doença celíaca exigindo uma dieta rigorosamente sem glúten e a intolerância à lactose necessitando a eliminação da lactose. Este artigo explora suas definições, sintomas comuns e como eles influenciam as escolhas alimentares e a qualidade de vida dos indivíduos.

intolerância a gluten e intolerância a lactose

A doença celíaca é uma condição autoimune desencadeada pela ingestão de glúten, uma proteína encontrada no trigo, cevada e centeio. O sistema imunológico dos afetados ataca o próprio intestino delgado, prejudicando a absorção de nutrientes essenciais. Os sintomas podem variar de diarreia e dor abdominal a efeitos mais sérios como desnutrição e anemia. O diagnóstico geralmente é feito através de testes sanguíneos e biópsia intestinal, e o tratamento principal é uma dieta estritamente sem glúten.

Quais são os sintomas da intolerância a gluten?

Os sintomas da doença celíaca podem ser variados e abrangem tanto aspectos gastrointestinais quanto extraintestinais. Eles incluem:

  1. Sintomas Gastrointestinais:
  • Diarreia crônica
  • Dor e distensão abdominal
  • Gases e inchaço
  1.   Sintomas Não Gastrointestinais:
  • Anemia, frequentemente devido à deficiência de ferro
  • Perda de peso inexplicada
  • Fadiga e fraqueza
  • Problemas ósseos, como osteoporose
  • Problemas neurológicos, incluindo neuropatia
  • Dermatite herpetiforme, uma condição de pele pruriginosa
  1.   Sintomas em Crianças:
  • Atraso no crescimento
  • Falha no ganho de peso

A intolerância à lactose é uma condição digestiva caracterizada pela incapacidade de digerir lactose, o principal açúcar encontrado no leite e em outros produtos lácteos. Isso ocorre devido à deficiência ou à baixa atividade da enzima lactase, que é produzida nas células que revestem o intestino delgado. A lactase é responsável por quebrar a lactose em glicose e galactose, que são então absorvidas pela corrente sanguínea.

Quando alguém com intolerância à lactose consome alimentos contendo lactose, eles podem experimentar vários sintomas digestivos, como distensão abdominal, diarreia, gases e cólicas abdominais. Esses sintomas surgem porque a lactose não digerida passa pelo intestino delgado até o cólon, onde é fermentada por bactérias, produzindo gases e atraindo água para o cólon, o que resulta em diarreia.

  1. Intolerância à lactose primária: A forma mais comum, que se desenvolve naturalmente à medida que as pessoas envelhecem e a quantidade de lactase que produzem diminui após a infância.
  2. Intolerância à lactose secundária: Ocorre como resultado de uma doença ou lesão no intestino delgado, como doença celíaca ou gastroenterite infecciosa, que pode temporariamente reduzir a quantidade de lactase.
  3. Intolerância à lactose congênita: Uma condição rara em que o bebê nasce sem a capacidade de produzir lactase devido a uma mutação genética.

 Um estudo realizado com estudantes universitários mostrou uma prevalência de 6,8% para a intolerância à lactose, com uma maior frequência de sintomas gastrointestinais em mulheres em comparação aos homens. Este dado está alinhado com estudos internacionais que também reportam uma maior prevalência de sintomas em mulheres​ (SciELO Brasil)​.

Quais os sintomas da intolerância a lactose?

Os sintomas da intolerância à lactose resultam da incapacidade de digerir adequadamente a lactose, um açúcar presente no leite e produtos lácteos. Os sintomas geralmente ocorrem após a ingestão de alimentos que contêm lactose e incluem:

  • Diarreia: É comum após consumir produtos lácteos, devido à lactose não absorvida que causa aumento da água no cólon.
  • Distensão abdominal e inchaço: A fermentação da lactose por bactérias no cólon produz gases, causando desconforto e inchaço.
  • Gases: Aumento na produção de gases é uma resposta comum à fermentação da lactose no intestino.
  • Dor ou cólicas abdominais: As dores resultam da distensão do intestino e do trato gastrointestinal devido aos gases e outros subprodutos da fermentação da lactose.
  • Náuseas: Em alguns casos, pode ocorrer náusea, que pode ser acompanhada de vômito, especialmente se grandes quantidades de lactose forem consumidas.

Estes sintomas podem variar em intensidade dependendo da quantidade de lactose consumida e do grau de deficiência de lactase do indivíduo. A severidade também pode variar de pessoa para pessoa, com alguns podendo consumir pequenas quantidades de lactose sem problemas, enquanto outros podem ter reações significativas a quantidades mínimas.

Intersecções e Diferenças entre Doença Celíaca e Intolerância à Lactose

Tanto a doença celíaca quanto a intolerância à lactose podem causar desconforto gastrointestinal, mas a natureza e origem dos sintomas são diferentes:

É bastante comum que indivíduos com doença celíaca apresentem também intolerância à lactose, especialmente logo após o diagnóstico. Isso ocorre porque a doença celíaca causa danos às vilosidades do intestino delgado, que são essenciais para a produção da enzima lactase, responsável pela digestão da lactose. Com a vilosidade intestinal prejudicada, a capacidade de produzir lactase é diminuída, levando à intolerância à lactose.

Estudos mostram que muitos pacientes recém-diagnosticados com doença celíaca podem experimentar intolerância à lactose devido ao dano intestinal. No entanto, muitos podem recuperar a capacidade de digerir lactose conforme o intestino sara com uma dieta livre de glúten. A prevalência de intolerância à lactose em pacientes com doença celíaca é significativa, sendo que em alguns estudos, cerca de 24% dos pacientes com intolerância à lactose também foram diagnosticados com doença celíaca.

A intolerância á lactose em pacientes com doença celíaca é tipicamente temporária, durando apenas 1-2 meses após o início de uma dieta sem glúten​ (Beyond Celiac)​​ (BIDMC of Boston)​​ (Celiac.com)​.

Distribuição entre pacientes com intolerância a lactose e gluten

Exames para identificar a doença celíaca:


Para identificar a doença celíaca, uma série de exames são realizados tanto para diagnosticar quanto para descartar outras condições com sintomas similares. Aqui estão os principais exames utilizados, com links para fontes confiáveis que oferecem mais detalhes sobre cada um:

  1. Testes Sorológicos (Exames de Sangue):
    • Anticorpos Anti-Transglutaminase Tecidual IgA (tTG-IgA): Este é o teste mais comumente utilizado para rastrear a doença celíaca. Mais informações sobre tTG-IgA.
    • Anticorpos Anti-Endomísio IgA (EMA-IgA): Muito específico para a doença celíaca e geralmente utilizado para confirmar os resultados de um teste tTG-IgA positivo. Leia mais sobre EMA-IgA.
    • Anticorpos Anti-Gliadina Desamidada (DGP IgA e IgG): Usado principalmente em casos onde os níveis de IgA são deficientes ou em crianças menores de 2 anos. Saiba mais sobre DGP IgA e IgG.
    • IgA sérica total: Este teste é feito para verificar se há uma deficiência de IgA que poderia tornar os testes de anticorpos IgA não confiáveis. Informações adicionais sobre IgA sérica.

2. Biópsia do Intestino Delgado:
A biópsia endoscópica do intestino delgado é o padrão ouro para o diagnóstico da doença celíaca. Detalhes sobre a biópsia do intestino delgado.

3. Testes Genéticos:

  • HLA-DQ2 e HLA-DQ8: Esses testes genéticos são usados para ajudar a excluir a doença celíaca. Mais sobre os testes genéticos HLA-DQ2 e HLA-DQ8.

4. Testes de Resposta ao Glúten:

  • Uma dieta sem glúten é usada como uma forma de teste empírico. Entenda como a dieta influencia o diagnóstico.

Exames e testes para a intolerância á lactose:

No Brasil, a identificação da intolerância à lactose é realizada por meio de alguns exames específicos que ajudam a diagnosticar se o indivíduo possui dificuldade em digerir lactose. Aqui estão os principais exames utilizados, acompanhados de links para mais informações:

  1. Teste de Tolerância à Lactose:
    • Neste teste, o paciente ingere uma solução contendo lactose em uma quantidade conhecida e, em seguida, são feitas medições dos níveis de glicose no sangue em intervalos regulares. Se o nível de glicose no sangue não aumentar adequadamente, isso indica uma deficiência de lactase, sugerindo intolerância à lactose. Saiba mais sobre o teste de tolerância à lactose.

2. Teste Respiratório de Hidrogênio na Respiração:

  • Este teste mede a quantidade de hidrogênio no ar que você exala. Após consumir uma bebida com lactose, se seu corpo não digerir a lactose adequadamente, ela será fermentada por bactérias no cólon, produzindo hidrogênio que é absorvido pelo sangue e exalado pelos pulmões. Leia mais sobre o teste respiratório de hidrogênio.

    3. Teste de Acidez nas Fezes:

    • Usado principalmente em crianças pequenas, este teste verifica a acidez nas fezes. A lactose não digerida que é fermentada no cólon produz ácidos e outros ácidos graxos que podem ser detectados nas fezes. Informações adicionais sobre o teste de acidez nas fezes.

      Dicas de Dieta sem gluten e sem lactos: 

      Adotar uma dieta livre de glúten e lactose pode parecer desafiador no início, especialmente com os hábitos alimentares comuns no Brasil, onde pães, bolos e laticínios são amplamente consumidos. Aqui vão algumas dicas práticas para facilitar essa transição:

      1. Substituições no Café da Manhã:
        • Pão Sem Glúten: Opte por pães sem glúten, disponíveis em supermercados ou padarias especializadas.
        • Cereais: Prefira cereais que são naturalmente sem glúten, como arroz e milho. Verifique sempre os rótulos para garantir que não contêm traços de glúten.
        • Leite e Iogurtes Sem Lactose: Há muitas opções no mercado, incluindo leite de amêndoas, soja ou coco, que também são enriquecidos com cálcio.
        • Cuzcuz e tapioca liberados!
      1. Almoço e Jantar:
        • Massas e Farinhas: Substitua a farinha de trigo por opções sem glúten, como farinha de arroz, amêndoas ou mandioca. Experimente massas à base de arroz ou quinoa.
        • Queijos: Opte por queijos curados, que geralmente têm menor teor de lactose, como o parmesão. Há também queijos veganos feitos sem leite.
        • Pratos típicos: Adapte receitas brasileiras, como a moqueca, usando peixe fresco e leite de coco, que são naturalmente livres de glúten e lactose.
      2. Lanches:
        • Frutas e Oleaginosas: São snacks naturais sem glúten e lactose. Nozes, castanhas e frutas secas são ótimas opções para um lanche nutritivo.
        • Bolos e Biscoitos: Procure por receitas de bolos e biscoitos sem glúten e sem lactose. Utilize substitutos como óleo de coco ou margarina sem lactose.
      3. Bebidas:
        • Café e Chá: Prefira consumi-los puros. Se preferir adoçar, use açúcar de coco ou mel.
        • Bebidas Alcoólicas: Muitas cervejas contêm glúten, então opte por versões sem glúten ou por bebidas destiladas, que são seguras em termos de glúten.
      4. Eating Out:
        • Quando sair para comer fora, escolha restaurantes que sejam conscientes sobre alergias alimentares e que ofereçam opções de alimentos sem glúten e sem lactose. Não hesite em perguntar sobre os ingredientes e métodos de preparo dos prato

      É fundamental buscar orientação médica qualificada para obter um diagnóstico correto e recomendações personalizadas. Profissionais de saúde podem oferecer suporte nutricional e monitorar qualquer condição associada para garantir que você receba os cuidados adequados. Na Conectvida temos especialistas em nutrição. Lembre-se, a colaboração entre você e seu médico é vital para gerenciar eficazmente sua saúde e bem-estar. 

      A evolução da saúde na palma da sua mão

      Conectvida LTDA | 52.910.905/0001-00

      Política de Privacidade

      × Posso ajudar?